domingo, 28 de agosto de 2011

PAI

Sentado no seu cadeirão,
Cabisbaixo e pensativo
Digo-lhe, agarrando em sua mão
Sabe que estou sempre consigo.


Pai,
Estou feliz porque ainda o vejo
Nas suas faces dou um beijo
Abraço-o quando quizer,
No seu peito sinto a esperança
Nas palavras a confiança
Tenho muito que lhe agradecer.


Filha - desgosto maior não existe
Porque me falta o ouvido
Por isso eu ando triste,
Diz – me ele, já comovido!


Pai,
Preciso do seu sorriso
Da sua sabedoria e bondade
Esqueça as suas agruras
Não quero ver amarguras
Nos seus olhos de bondade.


Quando eu agarro nas suas mãos
Trémulas e deformadas
Tenho a mesma confiança
De quando eu era criança
Afagando as minhas máguas.


Seu fio de cabelo branco
Com brilho e seu encanto
São trilhos de formosura,
São juventude de medos
Que eu acaricio com ternura
Com a ponta dos meus dedos.


Figura frágil e generosa
Sua voz é carinhosa
Tem lentidão no andar,
Usa a bengala porque é preciso
Cumprimenta com um sorriso
Gente que com ele se cruzar.


Tem minha mãe, sua companheira
Há 66 Anos uma vida inteira,
Ela mima-o e dá-lhe carinho
Trata-o como um menino
Utilizam o verbo amar,
Meus pais que sempre vou adorar.






Aline Rocha
Agosto de 2011

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Rosa Amarela

No cavalete pousei a tela
Tela branca como algodão
Pincéis passeiam por ela
Agarrados à minha mão.


Tintas de óleo ou aquarela
Pinceladas dadas ao vento
Com inspiração de momento
Pintei uma rosa amarela.


Numa pétala da minha rosa
Gotas de água eu pintei,
Com minha mão vagarosa
Seis folhas verdes, juntei.


Rosa que sabes como és bela
Dos teus espinhos não me esqueci
Eles fazem parte da primavera
Das rosas do meu jardim.


Tu esmureces minha fadiga
Quando sobre ti me debruço
Linda flôr minha amiga
És meu choro,és meu soluço.


No meu quadro és a rainha
Das telas que pintei à mão
Rosa amarela rosa minha
Minha rosa de eleição.





Aline rocha
Agosto de 2011















sábado, 20 de agosto de 2011

Tempo

Fáz tempo, esse tempo que perdi
Tudo são lembranças que não vivi
Hoje, recordo tudo e quase nada,
Por entre águas e vento
Como paisagem sem alento
Só a lua estáva iluminada.


Vejo uma nuvem no horizonte
Qual princesa encantada
A água a brotar da nascente
Lembra-me que ainda sou gente
Como a rosa delicada
Que nasceu perto da fonte.


Ondas se formam e se desfazem
Num vai e vem de coragem
Deixando a espuma no areal
Brincam e riem de mansinho
De novo o mar, o seu caminho
Parecendo tudo tão natural.


Dentro de nós o que existe?
Um mundo presente e passado
Por vezes alegre ou triste,
Como água que corre sem parar
Que na ponte não volta a passar
Nós é que corremos para todo o lado.


Com tinta azul pintei o mar
Com caneta de amor escrevi o poema,
De nada sinto medo, nem sinto pena
A noite mesmo escura não é triste,
Porque meu cabelo branco existe, e
As rugas em nada me vão mudar.





Aline Rocha

8/2011



quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Momento

O mar azul define o horizonte
Beijado pelo sol que me aquece
Sinto o fascinio, visto do monte
Um fim de tarde que adormece.


É tão lindo este momento
Como é nobre o sentimento
Por isso não vou esquecer,
Do monte sinto a saudade
Como sinto da mocidade
Que não volta para me ver.


Crepusculo de um sol cansado
Que desaparece atrás do monte
Quadro de duas cores pintado,
Com sol e mar retratado
Traço fino no horizonte.


Fica a pintura na tela
Saida da minha mão
Pintada à luz de uma vela
Numa noite de escuridão.






Poema /aline rocha / julho2011