terça-feira, 5 de abril de 2011

QUE DROGA DE VIDA

Sobe e desce vezes sem conta, a rua onde nasceu, como que à procura daquilo que não encontra. Ao seu lado caminha pela trela, um cão preto que fora abandonado, e que ele chamou a si adoptando-o como seu companheiro e com o qual reparte o pouco que tem.
A vida tem destas coisas, que por vezes não dá para perceber.
Aquele jovem outrora bonito, atraia toda a gente com a sua simpatia.Era humilde e educado tinha sempre um sorriso quando nos cumprimentava. Para nós vizinhos que nos cruzávamos com ele, sentiamos o seu carinho. Havia um brilho enorme no seu rosto.
Hoje, anda perdido - apesar dos muitos, dos prolongados e honorosos tratamentos que com muita dificuldade a familia conseguiu, mas que de nada serviram.O dinheiro acabou e acabou tambem a esperança ou a ilusão de que ele queria realmente tratar-se.
Viver sem mãe não é fácil e muito menos numa situação destas. Ele está mais pobre porque sua mãe já não existe.Foi mais um pilar que quebrou e que contribuirá certamente para ruir a sua frágil estrutura.
A sua vida familiar é turbulenta.Seu pai revoltado e cansado com a sorte e com a vida, certamente não o compreende e vice-versa.
Os amigos de infancia não existem porque se afastam.
Os efeitos das drogas modificaram-no. Nota-se que no seu coração há solidão, no seu olhar muita tristeza, mas tambem agressividade na sua maneira de falar. O seu aspecto não é bom.Barba crescida, e o rosto magro diz-nos que o estomago deve reclamar muitas vezes.
Nos pulsos algumas pulseiras de bicos, quem sabe se serão para se defender ou para intimidar!
É doloroso ver a transformação de uma pessoa que podia ser um cidadão respeitado e não passa de um ser que é olhado de lado - ignorado – incompreendido.
Quem é mãe como eu, sente esta dôr e não pode ficar indiferente a este jovem,que é o rosto de muitos-infelizmente.
Nunca sabemos o dia de amanhã.
Que ninguem diga, desta água não beberei.


Para ele escrevi um poema.” O GRITO”                          


Aline Rocha


29/03/2011



4 comentários:

  1. Olá Aline,

    Bonito texto, escrito com muita sensibilidade e tristeza.

    Sim, é doloroso ver uma pessoa se transformando e morrendo lentamente.
    A droga é a pior coisa que existe e não há como acabar com ela...!!

    Tens razão, não podemos ficar indiferentes, pois somos mães...Deus nos livre de passar por um problema destes!!

    Bjs carinhosos.
    Patricia

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  2. Boa noite Aline
    Um grito,um desabafo por alguém que se queria ver melhor.
    Quem sabe a tua sensibilidade, o teu carinho, lhe possam indicar uma luz...afinal enquanto há vida, há esperança!
    Vamos todos juntos enviar energias positivas a quem sofre...deste ou de outro modo!
    beijinho de coragem para encorajares quem mais precisa...
    maria guida

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  3. Bem-haja Aline por esta hora tão agradável que passei consigo no seu blog.
    Conheci bocadinhos de si que são lindos!
    Conseguiu transmitir-me a sua sensibilidade e a sua simplicidade. A Lágrima... O Vento... O Grito... A irmã da amiga, que morreu...
    O sentido dos outros é uma coisa extraordinária, e quando nos importamos com os outros despimo-nos de mesquinhices. As coisas pequeninas se têm sentido passam a ser grandes coisas e as coisas sem sentido, pequeninas ou grandes, passam ao largo, o melhor é deixá-las desaparecer no nevoeiro dos tempos.
    Um beijo amigo

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  4. às amigas,Guida,Patricia, e Sãozinha,
    agradeço os vossos comentários,as vossas palavras.

    Beijinhos para as três e obrigada,

    aline rocha

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