domingo, 29 de maio de 2011

O meu irmão gémeo

Tenho um irmão gémeo, pois de outra maneira não faria muito sentido, mas também não era anormal!
Quando estamos ao serviço, apesar de passarmos momentos lado a lado, nunca nos vemos.Temos a mesma filosofia de vida, mas eu sou da esquerda e ele, o meu irmão, é da direita.
Ambos temos o privilégio de admirar tudo de cima para baixo, o que nos dá muito prazer.
Concebidos para o sexo feminino, é por ele que somos mais admirados!
Por isso dizemos: Uau! - Como é bom sentir o cheiro dos belos cremes, e dos frescos perfumes que as senhoras tanto gostam! Mas confesso que às vezes fico confuso com a variedade.Se é verão, usam uma fragância leve e suave, se é inverno usam outra mais quente e sensual.
Somos cúmplices e testemunhas das promessas e juras que são ditas em segredo, e ainda os segredos que ouvimos e que pedem para serem guardados, nas festas e comemorações.
Só Deus sabe o que ouvimos!
Delicadamente  sentimos o calor da paixão, num rápido e pequeno encosto dos lábios mesmo muito pertinho de nós.Adivinha-se o romance.
Depois não pedimos licença para irmos ao teatro ou a uma festa, mas fazemos concorrência ao mais belo vestido, e ao som da música sentimo-nos rodopiar, ou dançar ao som de uma valsa.
Foi num grande salão com as luzes a incidirem sobre nós que mostrámos como cintilamos, que mostrámos todo o nosso charme e conhecemos alguns recantos ditos de amor.
Também viajámos e não precisámos de passaporte.
Mas porque tudo tem o seu tempo de glória, aquela senhora a quem lhe demos o encanto de um rosto belo e atraente, de noites de sonho e contos de fadas, fartou-se de nós e atirou-nos para uma caixa cheia de pequenas gavetas, que apesar de serem forradas em centim nos deixou uma grande tristeza e revolta e porque não dizer humilhados!
Felizmente que teve o bom senso de nos colocar na mesma gaveta bem pequena por acaso, e os dois sózinhos voltámo-nos a ver e trocámos impressões sobre a nossa vivência.
Muito triste meu irmão pergunta-me:
Lembras-te quando estávamos expostos naquela vitrina no meio de peças lindas e preciosas, muito parecidas connosco, (modéstia à parte) e um velho senhor de cabelo grisalho e sobretudo azul, muito perfumado, se abeirou de nós, pôs os óculos sobre o nariz, e sem se preocupar com o nosso alto valor, pediu à empregada que fizesse uma embalagem de luxo, algo que impressionasse, ao mesmo tempo que abria o livro de cheques?
Se me lembro! Sabes que eu pensei nesse momento? Vamos ter uma vida de ricos!
Tinhas razão meu irmão! Eu pensei o mesmo.
Foi para isso que fomos concebidos e diga-se que passámos momentos muito agradáveis.Tivemos os nossos momentos de glória!
Só não imaginava que fossem de  tão curta duração!
Mas os ricos são assim: Fartam-se depressa e o livro de cheques tem de se gastar.
Talvez por isso desprezáram-nos aqui dentro desta maldita caixa que apesar de ser luxuosa digna de peças como nós, deixámos de contemplar a vida e o requinte da alta burguesia.
Não te iludas meu irmão, neste momento já não passamos de peças usadas, quiçá um dia seremos vendidas em 2ª mão, ou deixados em testamento.




Dois irmãos muito amigos
Mas que não têm coração
Só os ricos foram inimigos
De brincos se trata a lição



Aline Rocha

Maio de 2011



sexta-feira, 20 de maio de 2011

HOMENAGEM AO SÉNIOR

SÉNIORES - Sinónimo de velhice?
Como se engana quem pensa assim!

SÉNIOR- É ser persistente, determinado, ter força de vontade e sobretudo muita alegria.
Somos Séniores com sorrisos felizes, algumas ruguinhas, cabelos mais ou menos grisalhos, que não escodem a idade, mas que nos dão o prazer de ser - o que fomos e o que somos!
Fomos filhos, fomos jovens, formámos familia!
Somos pais - somos avós e somos amigos!
Foi o nosso olhar terno e calmo, o nosso coração, a nossa sabedoria e a nossa dedicação, que conquistámos o amor, que formámos um lar, que ensinámos, educámos, perdoámos, e lutámos sempre.
Mas  a nossa conquista continua!
Como é bom pertencer a grupos de pessoas com uma juventude avançada, mas que são firmes e determinadas, testando os seus conhecimentos sem preconceitos, voltando aos bancos da Universidade para colherem de novo os frutos daquilo que está esquecido ou aprender o que nunca lhes foi ensinado, ou ainda quem se disponibiliza, saindo de sua casa para confortar os que vivem na solidão, levando a palavra mágica de “coragem”, um aperto de mão ou um beijo carinhoso na face de alguém, que ao recebê-lo se comove e nos comove.
Como é bom partilhar a alegria de um passeio, seja no campo, no rio ou numa cidade, em busca de conhecimentos!

Cada um de nós, Séniores, seja homem ou mulher, têm a sua história.
Em comum todos deixamos para trás anos de trabalho e a experiência de toda uma vida de mais ou menos sacrificios, mas todas de muito empenho, de realização pessoal e profissional, embora com profissões diferentes. Hoje todos partilhamos de igual modo, esta nova etapa.

Ser Sénior é ter a capacidade de se renovar e a felicidade de transmitir, e de partilhar, porque no nosso calendário existe o amanhã ,com encanto, com doçura e com amizade, e ainda o previlégio de ter na nossa memória a lembrança e a experiência que fomos adiquirindo ao longo dos anos.

Estar tristes por sermos Séniores, NUNCA!


PARA TODOS OS SÉNIORES COM TODO O CARINHO,


 O MEU ABRAÇO DE AMIZADE,





Aline Rocha



domingo, 8 de maio de 2011

A minha Escola Primária



Já passaram mais de cinco décadas, mas eu recordo como se fosse ontem!

Tanta coisa bela e bonita se passou naquela escola! Foi lá que eu comecei a ser a pessoa que sou hoje, graças à minha professora primária que me ensinou o princípio do necessário para uma aprendizagem para a vida futura.Ela alicerçou os meus comportamentos como, o gosto pela leitura, o respeito pelo próximo, o rigôr, a partilha, e o cumprimento do dever.
A escola era a segunda casa, e a professora a nossa segunda mãe.
Todas as crianças eram iguais e vistas como tal. Usávamos bata branca, que tinha de se manter limpa durante todos os dias da semana. Quando iamos para a escola sentiamo-nos importantes.Sabiamos que iamos aprender, aquilo que os nossos avós não aprenderam.
Lembro de mostrar ao meu avô a primeira página do livro da primeira classe e explicar-lhe:
A de Águia-E de Égua- I de Igreja- O de Ovo e U de Uva.
Era o princípio da longa caminhada.Depois quem não se lembra de “A gatinha e a bonecaO cavalo e o leão” Deu-la -Deu Martins”A cerejeira”A barca BelaQuem quer ver a barca bela, que se vai deitar ao mar, Nossa senhora vai nela e os anjos vão a remar, etc”Os ninhos”-ninhos ninhos gosto tanto de os achar entre as ramagens, ocultos pela folhagem são o meu maior encanto, etc.
Na parte final de cada livro a “Doutrina Cristã”. Foi por lá que aprendi a rezar o Pai-nosso, Avé Maria-Salvé Rainha-o Credo-o acto de contrição, etc.
Na minha escola havia as fotos de duas figuras de Estado - Marechal Craveiro Lopes e Salazar. Ao meio a cruz de Cristo Nosso Senhor.Era perante este simbolo e com todo o respeito que no começo de cada aula, todas as crianças se levantavam da carteira, faziam o sinal da Cruz e diziam uma oração, seguindo a nossa professora.
Quem não se lembra da sacola feita de pano, depois as malas de cartão de côr castanha com fecho e asa de metal?
Lá dentro um lápis de lousa que já tinha bico mas quando se gastava tinha de ser afiado numa qualquer pedra da rua.Uma lousa preta com ripas de madeira em volta, à qual lhe chamávamos “pedra”. Para a manter sempre limpa usavamos um frasquinho com água e um paninho, que as nossas mães nos arranjavam, quem sabe dum bocado de avental já velho! Este era o nosso “estojo”
Os livros cedidos pela escola passavam de ano para ano, de aluno para aluno e daí a nossa obrigação de os estimarmos.
Lembro os cadernos de duas linhas para a letra ficar certinha! A caneta de madeira com aparo que se tirava e punha, e se molhava naqueles tinteiros de tinta azul “Cisne”, os exames, as provas escritas, feitas em papel de 35 linhas, tudo tinha de ficar limpo sem borrões para que a nota fosse boa.No dia das provas, eram sempre momentos de ansiedade para qualquer criança.
No último ano 4ªclasse,todos com mais ou menos 10 anos de idade, deixáva-mos a nossa escola, trazendo connosco a sabedoria de quatro anos.
Há !Como eu me lembro da História, pequeno livro, que nos deu a conhecer as dinastias, os reis que governaram o nosso País, os seus cognomes, começando por D. afonso Henriques o “conquistador, o Gordo, o formoso, o elequente, o lavrador o justiceiro, etc.etc. etc.”
Ciências da natureza-do corpo humano às plantas tudo sabiamos na ponta da lingua.
Sim.Sabiamos em quantas partes se divide o nosso corpo, os nomes dos ossos, a grande e a pequena circulação, o aparelho respiratório, etc.etc.etc.
Quanto às  plantas, sabiamos a composição do caule flor e folhas, sabiamos as propriedades da fotossíntese, etc.etc.Sabiamos distinguir um tubérculo de uma raíz.
Geografia- Desde a divisão por distritos deste Portugal pequenino, até às nossas provincias ultramarinas, as capitais, as linhas de caminho de ferro e os rios, a produção de cada provincia, como o linh,o café o cacau a banana, etc.
Geometria- não tinhamos calculadora e os problemas resolviam-se.Sabiamos as medidas de superficie e de peso, o que era um quintal, uma tonelada, e ainda um kilómetro ou um hectómetro.Aprendemos que uma groza são 144 e que Pi é igual a 3,14.
Português, verbos, orações, ditados sem erros, fluente leitura dos textos.
Recordo as brincadeiras no páteo: o jogo da cabra cega- o lencinho- às escondidas e a macaca.

Lembro ainda uma pessoa que já não se encontra no meio de nós, mas que eu recordo com saudade,porque tambem ela tinha sido a professora da minha mãe.

A professora primária é sem duvida o pilar que nos ajuda a suster a nossa caminha na aprendizagem da vida,e quando ela  nos marca e  não a  esquecemos, é sinal que cumpriu o seu dever,parilhando não só o ensino como tambem o afecto.

Aline Rocha
Maio de 2011

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Mãe, Sogra e Avó, uma só Mulher

- Ser Mãe é um Dom , uma Arte,  um Bem Maior e uma Benção.
- Mãe é criação de Deus completa, mas tambem complexa.
- Ela possui a magia do amor, da ternura, do afecto e da tolerância.
- Sabe acariciar, proteger, consolar e aconselhar.
- A Mãe educa, esquece, sorri e perdoa sempre.
- Porque ama de verdade o seu amor é eterno.

- Ser Sogra. Só consegue quem foi mãe.
- Os seus sentimentos não mudam. Existe no seu coração a alegria de ver concretizado um sonho. Continua a dar o seu melhor e a dizer “presente” quando necessário.


- Ser Avó é inexplicável.
- É conhecer um amor doce, é viver no neto o amor do filho.
- Avó- palavra melodiosa, indescritível quando pronunciada pelo neto.


- Ser Mãe, Sogra e Avó, é uma felicidade que se completa.

 
Aline - Maio de 2011