As mãos que hoje são enrugadas, já tiveram a pele fina, macia e aveludada. As mãos são tão importantes na nossa vida, que ao nascer foram elas (as mãos) que nem conhecemos nos agarraram.. Foram delas (as mãos) que recebemos as primeiras caricias e com elas (as mãos) que continuamos a acariciar, que damos nossos afectos, que ensinamos a contar, a brincar, a pintar, a escrever e até transmitir nossas emoções. São elas (as mãos) que se acariciam uma à outra, que juntas, lavam o rosto e o cobrem quando choramos ou meditamos,tambem se unem para rezar, mas se separam para nos benzer. Há mãos de amor que tratam, que curam, que educam, que alimentam. As mãos estendem-se para pedir mas tambem para repartir. São as mãos que se juntam e selam o acto de amor no dia do matrimónio. A mão que levanta o cálice para brindar, tambem acena um adeus amigo.
Admirem as vossas mãos
Mãos
Que agarram na caneta ou na pena Sabem escrever um poema Pautas e canções de amor, Mãos que tocam sinfonia Mãos que fazem magia Que acariciam qualquer flôr
Mãos que constroem Que tambem destroem, e Neste mundo de contradição, São elas que nos embalam São elas que nos amparam São elas que nos põe no caixão.
Debaixo daquela arcada Depois da porta fechada Abro o meu apartamento, Não tem cozinha nem bar Não tem sala de jantar Apenas o meu lamento.
A cama não é de madeira, Porque não tenho maneira Nem espaço para a colocar, Numa caixa de papelão Mais a dôr do meu coração É nela que me vou deitar.
Não tenho casa de banho Mas tenho o desegano De uma vida de liberdade, Foi esta a vida que escolhi Quando um dia eu parti Procurando a felicidade.
Mendigando para comer Sem nada para fazer Olho as estrelas no céu, Sou um sem abrigo já velho Roupa suja e sem cabelo Perdi o bom que era meu.
Quando ando na rua sózinho Já não encontro o caminho A bebida me estragou, Sei que é tarde demais Voltar e dar meus sinais Da vida que me enganou.
Sou olhado sem respeito Porque na rua me deito Que é meu mundo de ilusão, Ninguem sabe bem o perigo Que espreita um sem abrigo Em noites longas de solidão.
Andando sem parar Caminhei à beira mar Na fina areia molhada, Nela ficaram marcados Os passos já bem cansados Numa noite aluarada.
A lua deu-me um abraço Dei tréguas ao meu cansaço Adormeci na areia fria, Com lençol de mar salgado Almofada de vento ondulado Colcha fina de marezia.
Sonhei com o meu jardin Flores sorriam para mim Toquei num malmequer, Recordando como fazia Pétala a pétala, eu dizia Mal-me-quer - bem -me- quer.
Vi uma borboleta vaidosa Senti o cheiro de uma rosa De um cravo e de uma açucena, Mesmo dormindo acordada Na fina areia molhada Quis fazer este poema.
Magia de uma noite à beira mar Com espuma de onda a deslizar Molhando meus pés cansados, Vi como a lua no mar refletia Senti o cheiro a maresia Sonhos por mim inventados.