sexta-feira, 30 de setembro de 2011

AS NOSSAS MÃOS

As mãos que hoje são enrugadas, já tiveram a pele fina, macia e aveludada.
As mãos são tão importantes na nossa vida, que ao nascer foram elas (as mãos) que nem conhecemos  nos agarraram..
Foram delas (as mãos) que recebemos as primeiras caricias e com elas (as mãos) que continuamos a acariciar, que damos nossos afectos, que ensinamos a contar, a brincar, a pintar, a escrever e até transmitir nossas emoções.
São elas (as mãos) que se acariciam uma à outra, que juntas, lavam o rosto e o cobrem quando choramos ou meditamos,tambem se unem para rezar, mas se separam  para nos benzer.
Há mãos de amor que tratam, que curam, que educam, que alimentam.
As mãos estendem-se para pedir mas tambem para repartir.
São as mãos que se juntam e selam o acto de amor no dia do matrimónio.
A mão que levanta o cálice para brindar, tambem  acena um adeus amigo.

 
Admirem as vossas mãos
Mãos


Que agarram na caneta ou na pena
Sabem escrever um poema
Pautas e canções de amor,
Mãos que tocam sinfonia
Mãos que fazem magia
Que acariciam qualquer flôr


Mãos que constroem
Que tambem destroem, e
Neste mundo de contradição,
São elas que nos embalam
São elas que nos amparam
São elas que nos põe no caixão.





Aline Rocha


Setembro de 2011


domingo, 18 de setembro de 2011

Um Sem-Abrigo

Debaixo daquela arcada
Depois da porta fechada
Abro o meu apartamento,
Não tem cozinha nem bar
Não tem sala de jantar
Apenas o meu lamento.


A cama não é de madeira,
Porque não tenho maneira
Nem espaço para a colocar,
Numa caixa de papelão
Mais a dôr do meu coração
É nela que me vou deitar.


Não tenho casa de banho
Mas tenho o desegano
De uma vida de liberdade,
Foi esta a vida que escolhi
Quando um dia eu parti
Procurando a felicidade.


Mendigando para comer
Sem nada para fazer
Olho as estrelas no céu,
Sou um sem abrigo já velho
Roupa suja e sem cabelo
Perdi o bom que era meu.


Quando ando na rua sózinho
Já não encontro o caminho
A bebida me estragou,
Sei que é tarde demais
Voltar e dar meus sinais
Da vida que me enganou.


Sou olhado sem respeito
Porque na rua me deito
Que é meu mundo de ilusão,
Ninguem sabe bem o perigo
Que espreita um sem abrigo
Em noites longas de solidão.


Aline Rocha
Setembro de 2011


segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Por Ti


Andando  sem parar
Caminhei à beira mar
Na fina areia molhada,
Nela ficaram marcados
Os passos já bem cansados
Numa noite aluarada.


A lua deu-me um abraço
Dei tréguas ao meu cansaço
Adormeci na areia fria,
Com lençol de mar salgado
Almofada de vento ondulado
Colcha fina de marezia.


Sonhei com o meu jardin
Flores sorriam para mim
Toquei num malmequer,
Recordando como fazia
Pétala a pétala, eu dizia
Mal-me-quer - bem -me- quer.


Vi uma borboleta vaidosa
Senti o cheiro de uma rosa
De um cravo e de uma açucena,
Mesmo dormindo acordada
Na fina areia molhada
Quis fazer este poema.


Magia de uma noite à beira mar
Com espuma de onda a deslizar
Molhando meus pés cansados,
Vi como a lua no mar refletia
Senti o cheiro a maresia
Sonhos por mim inventados.





Aline

Setembro de 2011