Debaixo daquela arcada
Depois da porta fechada
Abro o meu apartamento,
Não tem cozinha nem bar
Não tem sala de jantar
Apenas o meu lamento.
A cama não é de madeira,
Porque não tenho maneira
Nem espaço para a colocar,
Numa caixa de papelão
Mais a dôr do meu coração
É nela que me vou deitar.
Não tenho casa de banho
Mas tenho o desegano
De uma vida de liberdade,
Foi esta a vida que escolhi
Quando um dia eu parti
Procurando a felicidade.
Mendigando para comer
Sem nada para fazer
Olho as estrelas no céu,
Sou um sem abrigo já velho
Roupa suja e sem cabelo
Perdi o bom que era meu.
Quando ando na rua sózinho
Já não encontro o caminho
A bebida me estragou,
Sei que é tarde demais
Voltar e dar meus sinais
Da vida que me enganou.
Sou olhado sem respeito
Porque na rua me deito
Que é meu mundo de ilusão,
Ninguem sabe bem o perigo
Que espreita um sem abrigo
Em noites longas de solidão.
Aline Rocha
Setembro de 2011
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