domingo, 30 de janeiro de 2011

O VENTO

Do cimo daquele monte
Vejo a linha do horizonte
Que me fáz sorrir e sonhar
Meus olhos olham o céu
Parece que o Mundo é meu.
Paisagem de encantar
O vento toca meu rosto
Sinto as caricias que gosto
Fecho os olhos com prazer
Com ele parto a correr
Longe vai meu pensamento
Que beleza de momento
Fica comigo, supliquei
Quero falar o que nunca falei
Deste mundo de confusões
Vento que corres para todo o lado
Desfáz minhas ilusões
Mas não contes a ninguem
Escuta este o meu pedido
O vento que me ouvia
Sabia o que eu sentia
Sorriu e ficou meu amigo
Lancei-me em seus braços
Como se fosse pássaro ferido
Nesta vida ilusória
Cada um tem sua história
Diz-me ele, e fáz sentido
Sabes que até na fonte há lôdo
Para beber há que filtrar
Fazem parte de um todo
Só há que vos encontrar
Em silêncio eu o ouvia
Ele sabia o que eu sentia
Porque com ele partilhei
Momentos que só eu sei
Em plena sintonia
Abraçamo-nos com alegria, e
Com caricias no meu rosto
No cimo daquele monte
Olhamos o horizonte
O vento que eu tanto gosto


Poema de
Aline Rocha
2011                                                          

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

VELHICE


                                                                        

Rosto lindo e enrugado
Voz trémula de cansaço
Recorda o tempo passado
Dum passado sem regresso
.
Cada ruga uma história
Contada em primeira mão,
Revelam os seus segredos
Descobrem seus mistérios
Numa eterna recordação
Seus poucos cabelos brancos
São primaveras de memórias
Encanta-nos com suas histórias
Que não perdem seus encantos.
Seu regaço serviu de colo
Seu peito de alimento
Seu coração deu amor
Mas de amor tambem sofreu
Sua boca foi beijada e beijou
Com suas mãos acarinhou
Um filho que dela nasceu.
Para ajudar nos seus passos
Para aliviar seus cansaços
Leva a bengala na mão
Diz sentir o desalento
Da vida que foi um tormento
Mas cumpriu sua missão
Um dia seremos da sua idade
Muitas rugas iremos ter
Sentir a mesma saudade
Olhar para tráz e dizer
Valeu a pena viver
Chama-lhe terceira idade
Eu chamo-lhe benção da vida
Deixam sempre saudade
Na hora da despedida
Vida que podes ser longa ou curta
Ninguem ao certo sabe
De uma coisa todos sabemos
É que há eternidade


Poema de
Aline Rocha

2011

sábado, 15 de janeiro de 2011

LÁGRIMA


No meu jardim, em cima de uma flôr
Uma lágrima encontrei
Quis saber a quem pertenceu
A chorar me respondeu
Não me perguntes que já não sei
Aninhou-se debaixo de uma pétala
Dela recebeu protecção
Fechou os olhos envergonhada
E depois de estar deitada
Transformou-se em coração
Ao ver tamanha transformação
Afinal quem és tu, perguntei
Não me perguntes porque não sei
Sou de alguem que muito amei
Mas do meu amor não tem noção
De tudo me quero esquecer,
Acordar de novo para a vida
Ter vontade de sorrir
À linda flôr agadecer
Por me ter dado guarida
É com certa paixão
Que recordo uma lágrima
Em cima duma flôr
Enroscada numa pétala
 Transformar-se em coração                                                 
Por ter perdido o Amor



Poema de
Aline Rocha /2011













quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

INVERNO

 Bate nas vidraças
Como se quizesse entrar
É som que adormece
Frio que arrefece
É o inverno a chegar

O vento sopra bramindo
Cantando a sua canção,
As folhas que vão caindo
Levadas pelo vento, espalham-se pelo chão.
Há uma certa nostalgia
No sabor amargo duma canção perdida
Talvez uma vida sem rumo
Quiçá, precisando de guarida.
Cabelos brancos, rugas marcadas
Lembranças de solidão
Vidas dificeis e cansadas
De primaveras encantadas
Vivem sós, tristes e sem paixão.
Rostos que perderam o encanto
De uma vida de saudade
Vivem sós de mão estendida
Precisando de guarida
Mas com gestos de humildade
Em grossas bagas, a chuva volta a cair
De novo ouve-se o vento a rugir
Tristeza num meigo olhar
É o Inverno a chegar.

Poema de,

Aline/Dezembro de 2010